– Por Laja Zylberman
Em meio a balões coloridos, mesas repletas de doces e risadas de crianças, durante uma festa de aniversário de 8 anos dos meus netos, cuidadosamente organizada por minha filha, fui surpreendida por uma atitude inquietante. Um grupo de meninos se juntou e começou a correr e gritar “porrada, porrada”, escolhendo uma vítima e partindo para a violência. Fiquei chocada, e a cena me trouxe à mente imagens de chimpanzés atacando cruelmente seus vizinhos.
Richard Wrangham e Dale Peterson, em seu livro “O Macho Demoníaco”, exploram o comportamento agressivo dos primatas. Suas pesquisas revelam a assustadora semelhança entre a violência crescente em nossa sociedade e o comportamento desses primatas. Festas inicialmente pacíficas algumas vezes terminam em brigas violentas ou em reações de ódio exacerbado.
A violência está enraizada em nosso processo evolutivo, especialmente herdada dos chimpanzés, nossos parentes mais próximos, onde disputas territoriais e o acesso preferencial às fêmeas são conduzidos com brutalidade. Esta análise sugere que os machos travam guerras e lutam entre si por hierarquia social, enquanto as fêmeas têm outros interesses.
Nos tempos atuais, observamos que as grifes de luxo se tornaram símbolos de ascensão social, e a moda passa a significar esses ícones. Existe uma vertente da moda que expressa agressividade, em contraste com o que geralmente consideramos belo. Exemplos disso são as calças “destroyer” e a joalheria com piercings, usados como formas de expressão agressiva e contestatória. As tatuagens também exemplificam essa dolorosa forma de expressão.
Freud afirmou que a civilização começa com a repressão dos instintos. A destruição dos padrões civilizatórios leva à falsa suposição de que a liberação dos instintos significa liberdade. Precisamos ter cuidado para não nos tornarmos chimpanzés.