Por Marcos Paulo Candeloro
Numa manobra estratégica que deixou muitos se perguntando “quem realmente escreveu isso?”, a Folha de São Paulo lança o “Blog Evangélicos”. Sim, você não leu errado: o veículo que é praticamente sinônimo de esquerda assumida e crítica ferrenha a tudo que soe remotamente conservador agora decide que é hora de “dar voz ao público que cresce vertiginosamente no país”. Ressuscitaram a compaixão editorial ou é apenas uma tentativa desesperada de aumentar a audiência? Vamos ser francos: se há algo que a grande mídia, especialmente a Folha, adora fazer é pintar os evangélicos com as cores mais sombrias possíveis—de fiéis alienados a seguidores de um tele-evangelismo predatório. Mas agora, num plot twist digno de novela das oito, decidiram que tais indivíduos merecem um espaço próprio sob a luz divina (ou seria fluorescente?) da redação. O novo blog será “editado sob o olhar de quem frequenta a igreja”. Interessante, levando-se em conta que esse mesmo olhar foi frequentemente interpretado pela grande mídia como carente de tudo, exceto discernimento próprio. A mudança de tom é tanto surpreendente quanto hilária—será que veremos artigos pregando os valores cristãos conservadores logo ao lado de colunas advogando pelo aborto e a liberação das drogas? É cômico, até certo ponto, como a política de inclusão da Folha se manifesta quando percebem que ignorar um grupo tão grande quanto o dos evangélicos pode, na verdade, impactar negativamente sua relevância (ou seria renda?). Aparentemente, na imprensa brasileira, se você não joga conforme o manual esquerdista, você é rapidamente rotulado como extremista; exceto, é claro, quando se torna conveniente abrir uma exceção. Portanto, pegue a pipoca e se prepare para observar esta fascinante tentativa de casamento entre água e óleo. Se nada mais, ao menos promete ser um espetáculo interessante, com a Folha tentando dançar conforme a música evangélica sem pisar demais nos pés de seus leitores mais progressistas. Quem sabe não estamos presenciando o nascimento de uma nova era na mídia brasileira? Ou, mais provavelmente, apenas mais um episódio de conveniência editorial.