São Paulo presenciou um aumento de intensidade nas eleições municipais desde que Pablo Marçal (PRTB) entrou em cena. Com um estilo agressivo que desarmou o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o ativista Guilherme Boulos (Psol), Marçal causou um impacto tão forte que levou seus adversários a evitarem debates com ele. Sua habilidade em manusear redes sociais com vídeos curtos alavancou sua popularidade, refletida na recente pesquisa Datafolha: Boulos lidera com 23%, enquanto Marçal segue próximo com 21% e Nunes com 19%.
No entanto, a ascensão de Marçal enfrenta dois obstáculos significativos. Sua candidatura está sob ameaça na Justiça Eleitoral devido a denúncias de abuso do poder econômico. Além disso, a família Bolsonaro declarou oposição a ele, complicando ainda mais sua campanha.
Até recentemente, Jair Bolsonaro havia deixado abertas as possibilidades tanto com Nunes quanto com Marçal. A aliança com o prefeito foi orquestrada por Valdemar Costa Neto, líder do PL. Não obstante, Bolsonaro deixou claro que Nunes não era seu candidato ideal. Enquanto isso, Marçal, com retóricas alinhadas ao bolsonarismo, tentou se aproximar do ex-presidente, obtendo retornos mornos.
O atrito começou em 16 de agosto, quando Carlos Bolsonaro criticou Marçal por responsabilizá-lo pela derrota de seu pai em 2022. A situação intensificou-se após Marçal manipular um vídeo de Eduardo Bolsonaro em apoio a Nunes, substituindo-o por conteúdo a seu favor, provocando reações negativas dos Bolsonaro, que consideraram o ato oportunista.
O ápice do conflito ocorreu em 22 de agosto, com uma troca de farpas pública entre Marçal e Jair Bolsonaro no Instagram, ressaltando desentendimentos sobre alianças passadas e futuras. Marçal, em resposta sarcástica a Bolsonaro, destacou seu apoio financeiro e estratégico ao ex-presidente.
Tal tensão deixou efeitos claros na campanha municipal, com a pesquisa Datafolha mostrando a força crescente de Marçal. A família Bolsonaro agora vê Marçal como um rival potencial, ameaçando suas bases e alianças já estabelecidas. Este embate acirrado é observado de perto por outros candidatos, que esperam lucrar politicamente com o conflito interno do bolsonarismo. O desafio imediato recai sobre Ricardo Nunes, que deve reafirmar sua aliança com Bolsonaro para não perder terreno para Marçal.