Javier Milei, o recém-empossado presidente da Argentina, fez sua estreia internacional com um discurso contundente na Assembleia-Geral da ONU, situando-se firmemente em oposição a Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil. Em um pronunciamento repleto de críticas incisivas, Milei não só questionou o papel da ONU, como também destacou as divergências com Lula em relação às estratégias de liderança global e as posturas adotadas perante regimes controversos.
Na abertura de seu discurso, Milei, figura destacada do movimento libertário, não perdeu tempo em lançar uma série de ataques à ONU, que ele retratou como uma organização que se desviou de seus princípios fundadores. “Esta organização, que foi projetada inicialmente como um escudo para proteger as nações, transformou-se em um Leviatã com muitos tentáculos, buscando controlar não apenas os Estados-nação, mas também a vida de cada cidadão global”, apontou Milei com veemência. Suas palavras destacaram uma visão de que a ONU, ao longo do tempo, se tornou uma entidade que sufoca a autonomia nacional em prol de uma agenda internacional impositiva.
Além das críticas à ONU, Milei dirigiu palavras duras a Lula, contrastando suas respectivas abordagens às questões humanitárias e socioeconômicas globais. Enquanto Lula havia anteriormente criticado a ONU por ineficiência, especialmente em assuntos ambientais e de justiça social, Milei deu um passo adiante, acusando Lula de apoiar ações que, segundo ele, minam os valores democráticos e favorecem regimes autoritários. “Enquanto alguns líderes elogiam ou desculpam ditaduras em nome de um ideal progressista, é essencial lembrar que não se constrói justiça social flertando com tiranias”, afirmou Milei, em uma clara alusão ao respaldo que Lula manifestou a países como Cuba e Venezuela.
Milei destacou o que considera ser um modelo supranacional imposto pela ONU, que ele identifica como alinhado com uma ideologia socialista representada pela Agenda 2030. Esta agenda, concebida como um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, foi criticada por Milei como uma tentativa de interferência nas políticas internas dos países, ameaçando a soberania e os direitos individuais. “Ao tentar erradicar a pobreza e a desigualdade, a Agenda 2030, paradoxalmente, propõe soluções que amplificam esses problemas, por meio de regulamentos que corroem a liberdade individual e econômica”, asseverou o presidente argentino, ressaltando sua crença de que a história mostrou que a verdadeira prosperidade advém da liberdade e da limitação do poder governamental.
Em um ataque direto à posição de Lula sobre os direitos humanos e a política internacional, Milei também chamou atenção para o que considera ser a hipocrisia da ONU em seu tratamento de regimes autoritários. “Nesta casa que afirma defender os direitos humanos, regimes tirânicos como os de Cuba e Venezuela são permitidos e até mesmo eleitos para conselhos de direitos humanos, enquanto a verdadeira democracia, como a de Israel, é regularmente condenada”, criticou. Estas declarações também refletem um desagrado com a atitude de Lula, que, em contraste, expressou solidariedade a Cuba e evitou censurar severamente os mesmos regimes.
O discurso de Milei representou uma ruptura não apenas com a tradição diplomática, mas também em como lideranças latino-americanas poderiam se alinhar no cenário mundial. Sua postura crítica em relação à ONU e sua firme reprovação ao posicionamento de Lula estabelecem um novo paradigma de embate político e geopolítico na região, sublinhando a crescente divisão entre as perspectivas libertárias e progressistas.