Com o término dos Jogos Olímpicos de Paris, o presidente da França, Emmanuel Macron, conseguiu uma breve trégua na tumultuada vida política do país, que se mantinha em impasse antes do evento na capital francesa. Dez dias após o encerramento do maior evento esportivo global, a França retorna à sua complexa situação inicial: sem perspectiva clara de nomeação de um primeiro-ministro capaz de mitigar as disputas entre a esquerda, o centro de Macron e a direita nacionalista.
A Nova Frente Popular (NFP), aliança de esquerda formada por quatro partidos, venceu as eleições parlamentares antecipadas realizadas em junho e julho, mas não obteve maioria na Assembleia Nacional. O cenário complicou-se pois nem a NFP, nem a coalizão de Macron, a segunda colocada, nem o Reagrupamento Nacional, partido de direita nacionalista em terceiro lugar, dialogam entre si, criando uma crise política. Qualquer nome indicado para primeiro-ministro corre o risco de enfrentamento com votos de desconfiança na Assembleia.
Pouco antes do início da Olimpíada, a NFP indicou Lucie Castets, diretora financeira da prefeitura de Paris, como candidata a premiê. No entanto, Macron rejeitou a indicação, alegando a necessidade de focar nos Jogos, prometendo nomear um premiê com amplo apoio em agosto. Na sexta-feira, dia 23, Macron se reunirá com líderes partidários para discutir possíveis nomes para o cargo, com a expectativa de anunciar sua escolha na próxima semana.
Entretanto, a extrema esquerda já deixou claro que não apoiará ninguém além de Castets. Jean-Luc Mélenchon, líder do partido França Insubmissa, ameaçou impeachment caso Macron ignore a escolha da NFP, alegando uma desconsideração com o resultado eleitoral. Gérald Darmanin, ministro interino do Interior, criticou a ameaça, chamando-a de tentativa de provocar anarquia no país.
Marine Le Pen, líder do Reagrupamento Nacional, também expressou dúvidas sobre a presença de Castets nas discussões de sexta-feira, questionando sua legitimidade para participar sem mandato parlamentar ou liderança partidária. A imprensa especula que Macron pode optar por um nome entre a centro-esquerda e a centro-direita para reduzir chances de rejeição, com possíveis candidatos como Xavier Bertrand, Bernard Cazeneuve, Valérie Pécresse e Karim Bouamrane.Resta esperar se algum deles ou um nome fora dessa lista sobreviverá politicamente após a indicação.