Por Marcos Paulo Candeloro
Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, declarou-se culpado nesta quarta-feira a uma única acusação criminal referente à publicação de documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos. A declaração foi parte de um acordo judicial firmado entre Assange e as autoridades americanas com o objetivo de evitar uma eventual sentença de prisão em solo americano.
Acordo Judicial e Cumprimento de Pena
O acordo, revelado na segunda-feira, 24 de junho, pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, considerou que Assange já cumpriu sua pena ao passar os últimos cinco anos em uma prisão de segurança máxima no Reino Unido. Assange apresentou sua confissão de culpa em um tribunal federal em Saipan, capital do território americano das Ilhas Marianas do Norte, na Oceania. Com o acordo, Assange está livre para retornar ao seu país natal, a Austrália, para onde se dirigiu desde sua libertação no Reino Unido.
Envolvimento com a Rússia e Suas Consequências
Antes mesmo de chegar à Austrália, Assange já ganhou atenção dos aliados do presidente russo, Vladimir Putin. Diversos veículos de comunicação ligados ao Kremlin celebraram sua libertação. Margarita Simonyan, diretora de redação do canal russo Sputnik, utilizando seu perfil no Twitter, expressou interesse em que Assange volte a apresentar um programa para o RT, outro canal do governo russo. Simonyan referiu-se a Assange como “o melhor jornalista da nossa época” e um “visionário”.
Assange tem sido associado a ações que beneficiaram interesses russos, enquanto minavam os dos Estados Unidos. Em 2010, a publicação de telegramas diplomáticos visava a enfraquecer a influência americana globalmente. Em 2013, o ex-contratado da CIA Edward Snowden fugiu para a Rússia e obteve asilo, com despesas pagas pelo WikiLeaks.
Interferência Eleitoral e Acusações de Conspiração
Os e-mails hackeados do Comitê Nacional Democrata, revelados em 2016 pelo WikiLeaks, foram apontados como uma tentativa de interferir nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, prejudicando a candidatura de Hillary Clinton, em benefício de Donald Trump. Agências de inteligência americanas afirmaram, com “alto grau de confiança”, que os e-mails foram obtidos com o auxílio de oficiais do governo russo.
Assange sob o Olhar do Ocidente
Durante seu tempo à frente do WikiLeaks, Assange foi criticado por seu viés antiamericano, enquanto nunca proferiu comentários negativos em relação à Rússia ou Vladimir Putin. Tais ações levaram a ser visto por muitos como um peão de Putin, pronto para continuar sua atuação agora fora dos cárceres ocidentais.
Agora, longe das prisões do Ocidente e sob os holofotes de observadores internacionais, resta saber que papel Assange continuará a desempenhar no cenário global, especialmente em relação aos seus laços com a Rússia e à sua reputação como defensor da transparência e da liberdade de expressão.