Por Marcos Paulo Candeloro
Pela primeira vez em seis meses, a inflação mensal da Argentina pode ter recuado para um dígito em abril, indicam estimações de analistas consultados pela Reuters. Esse recuo reflete uma desaceleração gradual nos aumentos de preços enquanto a economia do país enfrenta uma estagnação.
Segundo a mediana das respostas de 22 analistas, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do país sul-americano avançou 9% no quarto mês do ano, uma queda considerável em relação aos 11% registrados em março e bem abaixo do pico de mais de 25% observado em dezembro. Desde o início de seu mandato, em 10 de dezembro, o presidente libertário Javier Milei, economista, tem implementado medidas rigorosas de austeridade, como cortes nos gastos públicos e a interrupção do financiamento do Tesouro pelo banco central, com o intuito de reduzir a liquidez no mercado.
Essas ações têm ajudado a controlar a inflação mensal, apesar de impactarem negativamente a atividade econômica real do país. A Argentina ainda possui a maior taxa de inflação anual do mundo, que se aproxima dos 300%, impactando severamente as economias e os níveis salariais dos cidadãos.
Alejandro Giacoia, economista da consultoria Econviews, explicou que a desvalorização controlada e gradual do peso, conhecida como “crawling peg”, tem sido eficaz para ancorar a inflação, enquanto a desaceleração econômica tem ajudado a frear o aumento dos preços. “A recessão também ajudou a moderar a elevação dos preços”, comentou Giacoia. “Em maio, com o adiamento dos aumentos regulados nos preços de serviços, podemos ver outra redução, embora ajustes nesses preços sejam necessários eventualmente.”
A consultoria Management & Fit projeta uma continuação do ritmo decrescente de inflação, movida pela redução da demanda, resultado da situação dos salários reais, cortes nos gastos governamentais e a decisão de postergar o aumento nas tarifas de serviços. Os analistas consultados estimam uma inflação para abril variando entre 8% e 9,7%. O órgão de estatísticas INDEC deve divulgar os dados oficiais na terça-feira.