O aumento das tensões entre Israel e o Hezbollah está gerando preocupações crescentes sobre a possibilidade de uma invasão terrestre do Líbano pelo exército israelense. A ameaça de uma ofensiva em grande escala contra as bases do grupo xiita, apoiado pelo Irã, ressalta a complexidade dos conflitos no Oriente Médio e traz à tona questões sobre as alianças e divisões internas no Líbano.
Se as Forças de Defesa de Israel decidirem avançar, enfrentarão um cenário complicado. Embora não possam contar com aliados entre os cidadãos libaneses, o apoio ao Hezbollah entre a população local é limitado. De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Arab Barometer, um instituto independente que avalia a opinião pública na região, 55% dos libaneses não confiam no grupo. Apenas 30% expressam um alto grau de confiança. Esta desconfiança está fortemente dividida ao longo de linhas sectárias, com 85% dos xiitas mostrando apoio, contrastando com meros 9% dos sunitas e drusos, e apenas 6% dos cristãos.
Essas divisões refletem também nas atitudes em relação ao envolvimento do Hezbollah na política regional. Um terço dos entrevistados vê esse envolvimento de maneira positiva, enquanto 42% discordam, sinalizando um ceticismo predominante. Novamente, o apoio é mais robusto entre os xiitas, alcançando 78%, enquanto os grupos drusos, sunitas e cristãos continuam majoritariamente críticos com apenas 16%, 13% e 12% de apoio, respectivamente.
A pesquisa, cujos resultados foram inicialmente divulgados pela revista americana Foreign Affairs, oferece um ponto de vista crucial sobre o panorama social e econômico libanês em tempos de adversidade. Com os índices de pobreza triplicando na última década e afetando cerca de 33% da população, as dificuldades diárias dos libaneses são palpáveis. Essa realidade econômica desesperadora influencia, sem dúvida, a percepção pública sobre o Hezbollah e possíveis guerras.
Um aspecto que não se pode ignorar é o impacto potencial das opiniões públicas sobre um eventual conflito. A Foreign Affairs destaca que, enquanto muitos libaneses rejeitam a ideia de uma guerra, se esta for vista como resultado direto das ações do Hezbollah, a popularidade do grupo poderá diminuir significativamente. No entanto, as atitudes negativas prevalentes em relação às operações de Israel em Gaza complicam a situação. Mesmo que o apoio ao Hezbollah diminua, isso não necessariamente se traduzirá em uma mudança favorável nas atitudes em relação a Israel. Para muitos libaneses, isso significa se ver pressionados entre duas forças adversas, ambas contribuindo para o agravamento de suas já difíceis condições de vida.
Ainda que uma invasão israelense possa parecer improvável para alguns, as dinâmicas regionais continuam a desafiar previsões. As tensões em curso evidenciam a necessidade urgente de soluções diplomáticas que possam oferecer alívio aos sofrimentos dos civis e prevenir uma escalada ainda maior do conflito na região.