Por Kitty Tavares der Melo
Em um dos ataques mais importantes da atual escalada da guerra no Oriente Médio, o exército israelense anunciou a morte de Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah, durante um ataque aéreo preciso ao Sul de Beirute, realizado na madrugada de ontem. Nasrallah, que liderou a organização terrorista por mais de três décadas, foi morto junto com outros comandantes do Hezbollah em uma reunião na sede do grupo, localizada em Dahiyeh, no sul de Beirute.
Além de Nasrallah, Ali Karki, o comandante da Frente Sul do Hezbollah, também foi morto no ataque, de acordo com as Forças Armadas de Israel. O Ministério da Saúde do Líbano informou que seis civis foram mortos e 91 ficaram feridos na operação, que destruiu seis edifícios residenciais. O Hezbollah reconheceu a morte de seu líder.
Um Golpe Contra a Liderança do Hezbollah
Hassan Nasrallah liderava o Hezbollah desde 1992 e sua morte representa um duro golpe para a organização no Líbano. A morte de Nasrallah segue uma série de operações israelenses nos últimos meses, destinadas a eliminar lideranças de grupos terroristas como o Hezbollah, Hamas e figuras proeminentes do Irã.
Israel continuou a bombardear alvos do Hezbollah, enquanto o grupo respondeu com o lançamento de dezenas de foguetes em direção a Israel. A situação escalou rapidamente, levando o exército israelense a mobilizar mais soldados da reserva e preparar o terreno para uma possível invasão terrestre no Líbano. Três batalhões foram ativados neste sábado, somando-se às duas brigadas que já haviam sido enviadas ao norte de Israel durante a semana para treinos.
Nas primeiras horas de hoje, ataques aéreos atingiram o sul de Beirute e o Vale do Bekaa, no Líbano oriental, enquanto o Hezbollah lançou projéteis contra o norte e centro de Israel, além da Cisjordânia ocupada. Com mais de 720 mortos no Líbano apenas na última semana, o conflito parece estar à beira de se transformar em uma guerra total.
Lista de Líderes Mortos Desde o Início do Conflito
A morte de Hassan Nasrallah é a mais recente de uma série de operações israelenses destinadas a eliminar altos comandantes de organizações como o Hezbollah e o Hamas, além de figuras iranianas, em uma escalada de violência que se intensificou após 7 de outubro de 2024. Aqui está uma lista dos líderes mortos por Israel desde o início do conflito:
Hezbollah:
- Hassan Nasrallah – Líder máximo do Hezbollah, morto em um ataque aéreo israelense em Beirute, confirmado pelo exército israelense na sexta-feira. Liderava o grupo desde 1992.
- Ibrahim Qubaisi – Comandante da divisão de foguetes do Hezbollah, morto em um ataque aéreo no sul de Beirute em 24 de setembro de 2024.
- Ibrahim Aqil – Comandante de operações do Hezbollah e membro do Conselho da Jihad, morto em 20 de setembro de 2024 em um ataque aéreo israelense em Beirute. Aqil foi acusado pelos EUA de envolvimento em dois atentados mortais no Líbano.
- Ahmed Wahbi – Comandante das forças especiais Radwan, morto em setembro de 2024 em um ataque aéreo junto com Ibrahim Aqil.
- Fuad Shukr – Principal comandante militar do Hezbollah e braço direito de Nasrallah, morto em 30 de julho de 2024 em Beirute. Ele era uma das figuras militares mais importantes do Hezbollah desde sua fundação, com ligações diretas com o Irã.
- Muhammed Nasser – Líder sênior do Hezbollah, morto em 3 de julho de 2024 em Tiro, no Líbano. Responsável por operações na fronteira com Israel.
- Taleb Abdallah – Comandante de campo do Hezbollah, morto em 12 de junho de 2024 em um ataque israelense que atingiu um centro de comando e controle no sul do Líbano.
Hamas:
- Mohammed Deif – Um dos fundadores da ala militar do Hamas, as Brigadas Al-Qassam, foi morto em 13 de julho de 2024 em Khan Younis, Gaza. Deif era considerado o principal responsável pelos ataques do Hamas a Israel em outubro.
- Ismail Haniyeh – Líder político do Hamas, morto em 31 de julho de 2024 em um ataque aéreo no Irã. Hamas confirmou que ele foi atingido diretamente por um míssil enquanto estava hospedado em uma casa de hóspedes oficial em Teerã.
- Saleh al-Arouri – Vice-líder do Hamas, morto em 2 de janeiro de 2024 em um ataque de drone israelense em Dahiyeh, nos subúrbios de Beirute. Al-Arouri foi um dos fundadores das Brigadas Al-Qassam.
Irã:
- Mohammad Reza Zahedi – Comandante sênior da Força Quds do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica do Irã, morto em abril de 2024 em um ataque aéreo israelense que destruiu o consulado iraniano em Damasco.
- Mohammad Hadi Hajriahimi – Vice-comandante da Força Quds, morto no mesmo ataque que Zahedi em Damasco.
A Morte de Hassan Nasrallah: Impactos na Geopolítica do Oriente Médio
A morte de Hassan Nasrallah, líder maior do Hezbollah, é de grande relevância para o Oriente Médio, e suas consequências ainda serão sentidas por muitos anos. O Hezbollah é considerado o grande “trunfo” da República Islâmica do Irã, sendo uma das maiores realizações da revolução iraniana desde 1979. Sob a liderança de Nasrallah, o Hezbollah desempenhou um papel crucial na expansão da influência iraniana em toda a região.
Hezbollah e a Influência Iraniana
O Hezbollah é a ponte do Irã persa para os estados árabes em colapso, como Líbano, Síria, Iêmen, Iraque e Gaza. Enquanto o Irã fornecia os recursos financeiros e militares, era o Hezbollah, liderado por Nasrallah, que estabelecia e treinava os grupos aliados nesses países. Através dessa estratégia, o Irã conseguiu ampliar sua influência no mundo árabe, desafiando os interesses ocidentais e israelenses na região.
Nos últimos meses, o Hezbollah sofreu perdas significativas na sua liderança, mais do que em qualquer outro período nas últimas quatro décadas. Isso está mudando o equilíbrio de poder dentro da organização e abrindo questionamentos sobre seu futuro.
Reações no Irã e no Mundo Árabe
Embora alguns apoiadores do Hezbollah estejam expressando sua raiva pelo fato de o Irã não ter protegido Nasrallah, a liderança iraniana não deve mudar seu curso. A principal motivação do regime iraniano nunca foi o bem-estar do Líbano ou dos palestinos, mas sim a destruição de Israel. O slogan oficial do Irã sempre foi “Morte a Israel”, e não “Viva a Palestina” ou até mesmo “Viva o Irã”. Portanto, o foco do regime permanece o mesmo: manter sua luta contra Israel, mesmo que precise reconstruir o Hezbollah a partir das cinzas.
Irã: Reagir ou Manter-se Cauteloso?
A questão que surge agora é se o Irã retaliará diretamente contra Israel, arriscando uma guerra em grande escala, incluindo uma possível intervenção dos EUA. No entanto, isso é improvável. Mesmo após a morte de Qassem Soleimani, um dos comandantes mais queridos do Irã, Teerã evitou ataques diretos em larga escala. A prioridade do regime é sua própria sobrevivência, e uma guerra aberta com Israel e os EUA poderia pôr isso em risco.
O Irã e seus aliados têm sido eficazes em atacar quando seus oponentes não estão prestando atenção, como foi o caso no ataque de 7 de outubro. No entanto, quando a vigilância é maior e há uma resposta iminente, como aconteceu após os ataques de mísseis iranianos em abril de 2024, as opções de Teerã tornam-se mais limitadas. O aiatolá Ali Khamenei, que governa o Irã desde 1989, não é um líder de guerra. Aos 85 anos, ele enfrenta o dilema de ter que mostrar força sem colocar seu regime em risco.
O Futuro do Hezbollah e do Oriente Médio
A morte de Nasrallah é um golpe para o Hezbollah, mas não o fim da organização. O Irã provavelmente tentará reconstruir sua influência e manter o Hezbollah como uma ferramenta poderosa em sua luta contra Israel. No entanto, essas humilhações repetidas estão alimentando discussões sobre a sucessão em Teerã e sobre o futuro do regime iraniano.
Enquanto alguns no Líbano e na Síria lamentam a morte de Nasrallah, outros estão comemorando. Seu legado, ao lado do Irã, inclui o apoio ao ditador sírio Bashar al-Assad, ajudando a matar centenas de milhares de sírios para manter seu poder.
O impacto total da morte de Nasrallah pode levar anos para ser completamente avaliado. O verdadeiro motor de mudança no Oriente Médio dependerá de uma transformação no governo iraniano, que precisaria abandonar sua ideologia revolucionária baseada no ódio e na destruição, e focar mais nos interesses nacionais e econômicos do Irã. Enquanto isso não acontecer, o Oriente Médio continuará sendo palco de conflitos, e o Hezbollah, mesmo enfraquecido, continuará a desempenhar um papel central na estratégia iraniana.
A morte de Hassan Nasrallah representa uma mudança no equilíbrio de poder no Oriente Médio. Embora o impacto imediato seja notável, o desenrolar das consequências dessa morte ainda levará tempo para ser plenamente compreendido. O futuro da região continuará a ser moldado pelas dinâmicas de poder entre o Irã, Israel e seus aliados, com o Hezbollah ainda no centro dessa disputa, aumentando ainda mais as tensões no Líbano e na região. Com o Hezbollah já lançando projéteis contra Israel e o exército israelense intensificando suas operações, o conflito está em uma trajetória perigosa que pode envolver outros atores regionais, como o Irã e a Síria.
Enquanto isso, a população civil sofre as consequências, com famílias sendo forçadas a deixar suas casas e procurar abrigo em locais improvisados, como praças públicas e praias.
A eliminação de Nasrallah e de outros líderes importantes de grupos terroristas, como o Hezbollah, o Hamas e a Força Quds iraniana, é um ponto crítico na luta de Israel contra o terrorismo. Enquanto Israel e povos do Oriente Médio, de países como a Síria e o próprio Líbano, celebram essas vitórias estratégicas, o custo humano e as consequências geopolíticas dessa escalada continuam a ser trágicos e complexos.
É doloroso ver a vida de inocentes ceifada devido às ações impiedosas desses monstros, que usam a população como escudo para seus crimes. Israel tem feito esforços para minimizar as baixas civis, mas enfrenta desafios terríveis, especialmente quando líderes como Yahya Sinwar se escondem atrás de civis, transformando suas próprias comunidades em campos de batalha. Esses terroristas não só espalham o caos, mas também perpetuam o sofrimento do próprio povo.
Contudo, essa também pode ser uma oportunidade para os verdadeiros heróis: os cidadãos comuns. Pessoas que, por tanto tempo, viveram sob o jugo de terroristas, poderiam aproveitar esse momento de fraqueza desses grupos para se levantar. Não apenas contra o terror, mas em favor da paz, da liberdade e de um futuro próspero. As nações que foram envenenadas por esses grupos — Irã, Líbano e outros — podem se transformar em muito mais do que campos de batalha; podem voltar a ser nações prósperas, como foram no passado. Seus cidadãos merecem um futuro melhor, livre do medo e da manipulação.
O futuro do Oriente Médio, embora incerto, está nas mãos daqueles que têm a coragem de sonhar com um amanhã diferente, de se libertar das sombras do terror e construir uma sociedade baseada em respeito, justiça e verdadeira liberdade. Que essa esperança floresça, e que o mundo veja a força dessas nações se manifestar, não em violência, mas em renovação.