Por Marcos Candeloro
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, através do seu Comitê Judiciário e do Subcomitê Seleto sobre a Instrumentalização do Governo Federal, ambos liderados pelo deputado republicano Jim Jordan, anunciou uma investigação sobre o possível envolvimento do FBI em casos de censura decorrentes de ações judiciais contra críticos e jornalistas no Brasil, especialmente àqueles de direita.
Em um documento enviado nesta terça-feira (21) ao diretor do FBI, Christopher Wray, o Comitê Judiciário exige esclarecimentos sobre relatos indicando a possível colaboração do FBI com ações que limitaram a liberdade de expressão no Brasil.
O documento, assinado por Jim Jordan, alega que o FBI teria cooperado, a pedido do governo brasileiro, para monitorar e potencialmente censurar indivíduos nos Estados Unidos. O documento também menciona outro caso, onde a agência federal americana teria colaborado com a inteligência ucraniana para identificar contas de cidadãos dos EUA nas redes sociais.
“No Brasil, veículos de imprensa relataram recentemente que o FBI, em nome do governo brasileiro, entrou em contato com dois residentes dos EUA, incluindo um jornalista alvo de algumas das ordens de censura dos tribunais brasileiros,” declara o documento.
“O Comitê e o Subcomitê Seleto sobre a Instrumentalização do Governo Federal descobriram anteriormente como o FBI trabalhou com um governo estrangeiro para facilitar a censura do discurso de americanos. Por exemplo, em 2022, o FBI, a pedido de uma agência de inteligência ucraniana, sinalizou para as empresas americanas de mídia social contas autênticas de americanos, incluindo uma conta verificada do Departamento de Estado dos EUA e contas pertencentes a jornalistas americanos,” acrescenta.
O Comitê destaca que tais ações levantam preocupações sobre a possibilidade de o FBI estar cooperando com ações de censura promovidas por governos estrangeiros contra cidadãos dos EUA.
“O recente contato [com os residentes dos EUA, a pedido do governo brasileiro] levanta preocupações sobre se o FBI está novamente ajudando a facilitar os esforços de censura de um governo estrangeiro. A liberdade de expressão, incluindo a liberdade de expressão nas plataformas digitais, é uma parte fundamental e necessária das sociedades democráticas e justas,” destaca um trecho do documento.
Para entender a natureza e a extensão das interações do FBI com autoridades brasileiras em relação aos seus esforços para censurar críticos, e obter provas que possam auxiliar o Subcomitê para Instrumentalização do Governo Federal em sua investigação sobre os atos da administração de Joe Biden, Jordan solicitou que o FBI entregue até o dia 4 de junho uma série de documentos e comunicações relacionadas às conversas entre o FBI e autoridades do Brasil.
O Comitê solicitou “Todos os documentos e comunicações entre funcionários do FBI, incluindo, mas não se limitando ao Adido Legal do FBI no Brasil, à Sede do FBI e ao Escritório de Campo do FBI em Miami, referentes ou relacionados a ordens, demandas ou mandados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil ou do Supremo Tribunal Federal em relação à suspensão ou remoção de contas no X. Rumble ou qualquer outra plataforma de mídia social.”
Jordan também pediu “Todos os documentos e comunicações entre o FBI e agências do Poder Executivo [dos EUA], incluindo o Departamento de Estado e a Embaixada dos EUA no Brasil, relacionados a ordens, demandas ou mandados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil ou do Supremo Tribunal Federal referentes à suspensão ou remoção de contas no X, Rumble ou qualquer outra plataforma de mídia social”; e “Todos os documentos e comunicações entre o FBI e o governo do Brasil relacionados a ordens, demandas ou mandados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil ou do Supremo Tribunal Federal referentes à suspensão ou remoção de contas no X, Rumble ou qualquer outra plataforma de mídia social.”
O novo pedido do Congresso americano é mais um desdobramento dos casos de censura à direita no Brasil, revelados pelo Twitter Files Brasil, uma série de reportagens divulgadas e desenvolvidas pelos jornalistas Michael Shellenberger, David Ágape e Eli Vieira, da Gazeta do Povo.
Comentando a nova ação do Comitê no X (antigo Twitter), o jornalista Michael Shellenberger disse: “A maioria dos americanos pensa que o Brasil é uma democracia liberal, mas não é. O presidente Lula está reprimindo a liberdade de expressão, e um juiz desonesto da Suprema Corte, chamado Alexandre de Moraes, está exigindo que as plataformas de mídia social proíbam jornalistas e políticos de quem ele não gosta. Mas agora, graças aos Twitter Files Brasil, todos podem ver a censura criminosa de Lula e de Moraes, e o Congresso dos EUA exige respostas do FBI sobre o seu papel na campanha do Brasil para o totalitarismo. Obrigado Jim Jordan.”