No recente cenário político global, a eleição na Venezuela destacou-se como um fenômeno polarizador, simbolizando a luta contemporânea entre democracias e autocracias. A controversa vitória de Nicolás Maduro, marcada por acusações de fraude e manipulação, desvenda uma manobra detalhada que incluiu desde a desqualificação de opositores até o fechamento das fronteiras para observadores internacionais. Tal vitória, amplamente reconhecida por nações autocráticas aliadas ao regime de Caracas, destaca a crescente divisão política global.
A Venezuela, sob o regime de Maduro, tem se afastado das democracias, alinhando-se a regimes autoritários e instáveis. A perpetuação de Maduro no poder, através de eleições questionáveis, reflete um sistema que alguns críticos denominam “madurocracia”, paralelo ao modelo de Vladimir Putin na Rússia.
A postura inicial do Brasil, que optou por um “distanciamento responsável”, ecoa estratégias da Guerra Fria, levantando questões sobre suas implicações éticas e diplomáticas. O silêncio, percebem analistas, sugere um provável endosso ao regime de Maduro.Evidenciando ainda mais a crise, atas divulgadas pela oposição indicam resultados eleitorais drasticamente diferentes dos oficiais: Edmundo González teria obtido 6,2 milhões de votos contra 2,7 milhões de Maduro. Este desencontro desencadeou protestos massivos contra o que é visto como uma fraude eleitoral.
A resistência interna à autocracia venezuelana é complexa, uma vez que o aparato militar se mantém firmemente ao lado de Maduro. Com mais de 2.500 generais no país e uma sociedade militarizada, a insurgência civil enfrenta obstáculos significativos. Além disso, o êxodo de mais de 8 milhões de venezuelanos enfraquece ainda mais a resistência interna.
O governo autoritário da Venezuela, estreitamente ligado a narcoestados e regimes autocráticos globais, representa uma ameaça à estabilidade regional. São inúmeras as preocupações sobre crimes transnacionais, tráfico de drogas e um governo falido impulsionado pelo controle militar e pela corrupção desenfreada. Tal situação transforma a crise venezuelana em um problema de alcance internacional.
Contudo, o regime não segue o padrão clássico ditatorial. O poder na Venezuela não reside unicamente em Maduro, mas é sustentado por uma casta militar que controla setores-chave do país. Generais como Padrino López e Diosdado Cabello se destacam nesse esquema de poder, que foi solidificado por Hugo Chávez ao integrar militares em esferas pagas e proeminentes da sociedade venezuelana.
A complexa teia de alianças com Rússia e China assegura ao regime uma robusta rede de proteção e apoio. Esta dependência externa, junto à cooptação militar interna, dificulta significativamente quaisquer mudanças de regime.
A possibilidade de substituição de Maduro por outra figura que mantenha a fachada política do chavismo não é excluída. Todavia, mudanças genuínas enfrentam o profundo enraizamento deste sistema autoritário.
Enquanto esta intrincada estrutura de poder continuar, a Venezuela está destinada a um futuro incerto e desafiador. O desfecho dessa crise depende não apenas de forças internas, mas de uma pressão internacional eficaz que transcenda as complexas alianças e interesses geopolíticos.