Por Marcos Paulo Candeloro
Viver de acordo com Camus não significa buscar respostas definitivas ou escapar da incerteza. Pelo contrário, é uma aceitação plena do mistério da vida, uma disposição para se engajar no mundo tal como ele é, não como gostaríamos que fosse. Esta filosofia celebra os momentos efêmeros, encorajando-nos a aproveitar o agora com aqueles que amamos, plenamente conscientes de que, no grande esquema do universo, tais momentos são preciosos e raros.
Camus, portanto, não nos oferece uma fuga do absurdo, mas uma maneira de enfrentá-lo: com coragem, paixão e uma disposição inabalável para encontrar alegria e significado, não a despeito, mas por causa das complexidades e desafios da vida. Ele nos lembra que, mesmo no caos, há oportunidades para a beleza, o amor e a conexão. Neste sentido, sua filosofia é um testemunho da resiliência e da capacidade humana de encontrar luz na escuridão.
Em última análise, a filosofia de Camus é um convite: um convite para amar, viver e rir na cara do absurdo. Ao abraçarmos essa postura, podemos transformar a angústia existencial em uma celebração da vida. Pode não haver maior rebeldia contra o absurdo do que essa alegria de viver; e, talvez, no fim, seja isso o que dá ao absurdo o seu próprio sentido.
Este artigo não pretende ser um tratamento exaustivo das vastas ideias de Camus, mas sim um incentivo para que se procure na sua filosofia um antídoto contra o desalento. Em um mundo que muitas vezes parece sobrecarregado pelas sombras, Camus nos lembra de acender uma luz, não apenas para nós mesmos, mas para compartilhar com aqueles que amamos. E assim, juntos, talvez possamos encontrar um caminho através do absurdo, não para sair dele, mas para viver dentro dele, com os nossos corações e mentes abertos.