Por Kitty Tavares de Melo
Um Novo Capítulo para a Síria
A Queda de Assad, o Apoio da Rússia e a Ascensão de Abu Mohammed al-Golani: Uma Nova Era para a Síria e o Oriente Médio
A queda de Bashar al-Assad após mais de 13 anos de guerra civil representa um marco na geopolítica do Oriente Médio. O colapso de seu regime abriu espaço para um novo cenário carregado de incertezas, marcado pela ascensão de Abu Mohammed al-Golani, líder insurgente com histórico em grupos terroristas como a Frente al-Nusra, anteriormente afiliada à al-Qaida. O que essa mudança significa para a Síria, seus vizinhos e para a estabilidade regional?
O Apoio da Rússia à Família Assad
Desde o início da guerra civil síria, a Rússia se posicionou como o maior aliado militar e diplomático de Assad. Motivada por interesses estratégicos — como a preservação de sua base naval em Tartus e sua influência no Mediterrâneo —, Moscou interveio decisivamente em 2015, salvando o regime de Assad quando estava prestes a colapsar.
No entanto, o recente enfraquecimento militar da Rússia devido à guerra na Ucrânia, que custou centenas de milhares de soldados, deixou Assad vulnerável. Isso permitiu que forças insurgentes lideradas por al-Golani ganhassem terreno rapidamente, culminando na captura de Damasco.
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Quem é Abu Mohammed al-Golani?
Abu Mohammed al-Golani, nascido Ahmad al-Sharaa, emergiu como um estrategista militar habilidoso e líder político ambicioso. Embora sua carreira inicial estivesse profundamente enraizada na militância jihadista, ele gradualmente se distanciou da al-Qaida para construir sua própria força militar e política: Hayat Tahrir al-Sham (HTS).
Sua transformação de combatente jihadista para “estadista” incluiu uma remodelação pública cuidadosamente planejada. Ele abandonou seu apelido, vestiu ternos em entrevistas internacionais e falou sobre tolerância e pluralismo. No entanto, sua ascensão traz temores de um governo islamista radical em uma Síria devastada pela guerra.
O Que Isso Significa Para a Síria?
A captura de Damasco deixou o futuro da Síria mais incerto do que nunca. A sociedade síria é uma colcha de retalhos étnica e religiosa, composta por sunitas, alauítas, cristãos, curdos e drusos. Muitos temem uma nova era de opressão sectária sob o domínio de um grupo com raízes extremistas.
A promessa de al-Golani de “governança inclusiva” contrasta com o histórico de repressão brutal do HTS em Idlib, onde grupos minoritários foram perseguidos. O futuro da Síria depende de como al-Golani administrará o poder agora que controla o coração político do país.
Impacto Regional: Líbano, Israel e o Oriente Médio
Líbano:
O Líbano, já enfraquecido por sua própria crise econômica e política, corre o risco de ser arrastado para uma nova guerra regional. Grupos como o Hezbollah, aliados de Assad e financiados pelo Irã, podem reagir violentamente à ascensão de al-Golani, visto como um inimigo mortal pelos xiitas libaneses.
Israel:
Israel monitora de perto a situação, preocupado com a possibilidade de uma nova frente hostil ao longo de sua fronteira com a Síria. Embora al-Golani tenha evitado ameaças diretas ao Ocidente nos últimos anos, Israel não descarta a possibilidade de confrontos militares se seu regime provar ser radical.
A Reação dos Estados Unidos: A Posição de Donald Trump
O presidente Donald Trump foi enfático ao afirmar que os EUA não devem intervir. Em uma declaração no Twitter, ele disse:
“Siria é um desastre que nunca foi nosso amigo. Os Estados Unidos não devem se envolver. Deixe acontecer!”
Trump destacou que a intervenção americana no passado apenas fortaleceu a Rússia e o Irã, sem trazer benefícios estratégicos significativos para os EUA. Com a atenção de Washington focada na China e na Ucrânia, parece improvável que os Estados Unidos se envolvam diretamente na crise síria.
O Futuro da Síria e do Oriente Médio
A queda de Assad e a ascensão de al-Golani redefinem a geopolítica do Oriente Médio. Para a população síria, a esperança por estabilidade ainda parece distante. Para o Líbano e Israel, a nova realidade impõe uma vigilância constante.
O Oriente Médio entra em uma nova fase, onde extremismo, rivalidades regionais e interesses globais se cruzam mais uma vez. A incerteza persiste, e o mundo observa ansiosamente os próximos movimentos do novo regime sírio e de seus poderosos vizinhos.
O Futuro da Síria: Incertezas e Desafios à Vista
Com a queda de Bashar al-Assad e a ascensão de Abu Mohammed al-Golani, a Síria enfrenta um período de incertezas. A data de 20 de janeiro, que marca a posse do presidente Donald Trump, adiciona uma camada adicional de complexidade ao cenário geopolítico.
Historicamente, a interferência de potências estrangeiras tem moldado o destino da Síria, muitas vezes em detrimento de sua população. O provérbio bíblico “Quando os justos florescem, o povo se alegra; quando os ímpios governam, o povo geme” reflete a realidade enfrentada pelos sírios ao longo dos anos.
Com a transição iminente na liderança dos EUA, as políticas internacionais podem sofrer mudanças significativas, influenciando diretamente o curso dos acontecimentos na Síria. O povo sírio, que já suportou adversidades inimagináveis, continua a demonstrar resiliência. No entanto, permanece a questão: será que conseguirão superar mais um capítulo de extremismo, instabilidade e sofrimento?
Como o futuro é incerto, apenas o tempo dirá os desdobramentos dessa complexa situação.