Por Kitty Tavares de Melo
A morte do Papa Francisco desencadeou o processo de convocação do conclave para eleger o 267º Papa da Igreja Católica.
Quando Será o Conclave e Quanto Tempo Durará?
Data de Início
De acordo com a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis (1996), de João Paulo II, com emendas de Bento XVI (2007 e 2013), o conclave deve começar entre 15 e 20 dias após o início da Sé Vacante, ou seja, entre 6 e 11 de maio de 2025. No entanto:
- O início pode ser antecipado se todos os cardeais eleitores estiverem presentes no Vaticano, conforme a norma de Bento XVI (2013).
- O conclave pode ser adiado por “motivos graves” (e.g., logística ou saúde), mas não além de 20 dias.
A convocação dos cardeais eleitores já foi feita, e as Congregações Gerais (reuniões preparatórias) começaram a organizar os detalhes. A data exata dependerá da chegada dos cardeais e da decisão do Colégio Cardinalício, presidido por Pietro Parolin, o cardeal-bispo mais sênior com menos de 80 anos.
Duração do Conclave
A duração do conclave varia, mas na história moderna é geralmente curta:
- Média Histórica Recente: Os conclaves de 2005 (Bento XVI) e 2013 (Francisco) duraram 2 dias.
- Regras de Votação:
- Primeiro dia: Apenas uma votação ocorre, após a missa Pro Eligendo Romano Pontifice.
- Dias subsequentes: Até quatro votações por dia (duas pela manhã, duas à tarde).
- Após três dias sem eleição, há uma pausa de 24 horas para oração e reflexão. Após mais sete votações sem resultado, outra pausa ocorre.
- Após 34 votações sem consenso, os dois cardeais mais votados disputam um “segundo turno”, mas ainda é necessária a maioria de dois terços.
- História Extrema: O conclave mais longo, entre 1268 e 1271, durou quase três anos, elegendo Gregório X. Hoje, porém, a pressão por uma eleição rápida e a clausura na Capela Sistina tornam longos atrasos improváveis.
Estimativa: Com base nos conclaves recentes e na composição atual do Colégio Cardinalício, o conclave de 2025 provavelmente durará 2 a 5 dias, com início previsto para 6 a 11 de maio de 2025, salvo ajustes logísticos.
Quantos Arcebispos Votarão?
Total de Cardeais Eleitores
Na data da morte de Francisco (21 de abril de 2025), havia 135 cardeais eleitores com menos de 80 anos, elegíveis para votar, conforme a Universi Dominici Gregis. Esse número excede o limite nominal de 120 eleitores estabelecido por Paulo VI em 1975 (Romano Pontifici Eligendo), mas a norma não é estritamente aplicada.
Arcebispos entre os Eleitores
Nem todos os cardeais eleitores são arcebispos, pois o Colégio Cardinalício inclui:
- Cardeais-bispos (5 eleitores, geralmente líderes de dioceses suburbicárias ou cargos curiais).
- Cardeais-presbíteros (110 eleitores, majoritariamente arcebispos ou bispos de dioceses importantes).
- Cardeais-diáconos (20 eleitores, frequentemente em cargos curiais ou sem dioceses).
A maioria dos cardeais-presbíteros e alguns cardeais-bispos são arcebispos metropolitanos ou de grandes dioceses. Com base nos dados disponíveis:
- Estimativa: Aproximadamente 70–80% dos 135 eleitores são arcebispos, ou seja, cerca de 100 arcebispos.
- Exemplo Brasileiro: Todos os sete cardeais brasileiros eleitores (Sérgio da Rocha, Jaime Spengler, Odilo Scherer, Orani Tempesta, Paulo Cezar Costa, Leonardo Steiner, João Braz de Aviz) são arcebispos ou arcebispos eméritos.
A contagem exata de arcebispos depende da definição (e.g., arcebispos ativos vs. eméritos), mas a maioria dos eleitores com ministério pastoral fora de Roma é de arcebispos.
Participação Efetiva
Embora 135 cardeais sejam elegíveis, fatores como saúde, viagens ou conflitos podem reduzir o número de participantes para cerca de 120, alinhando-se ao limite tradicional. Assim, o número de arcebispos votantes pode variar entre 85 e 100, dependendo das ausências.
Quais São os Preferidos e Quais Suas Chances?
O conclave de 2025 é descrito como um dos mais imprevisíveis da história, sem um favorito claro. A escolha dependerá de fatores como:
- Continuidade vs. Mudança: Continuar as reformas de Francisco (pastoral, inclusiva) ou adotar uma abordagem mais tradicional.
- Geografia: Um papa europeu, africano, asiático ou latino-americano.
- Idade: Um papa jovem (50–65 anos) para um pontificado longo ou mais velho (70–75 anos) para um mandato transitório.
- Habilidade Diplomática: Experiência em lidar com a Cúria Romana e questões globais.
Abaixo, apresento os principais papabili (candidatos potenciais), suas chances e biografias sob uma visão conservadora, destacando como são percebidos por setores tradicionalistas da Igreja.
Principais Candidatos

- Pietro Parolin (Itália, 70 anos)
- Cargo: Secretário de Estado da Santa Sé.
- Biografia: Nascido em Schiavon, Veneto, em 1955, ordenado sacerdote em 1980. Diplomata de carreira, serviu como núncio apostólico na Venezuela e em outros cargos. Nomeado cardeal por Francisco em 2014, é o principal diplomata do Vaticano, gerenciando relações com nações e a Cúria.
- Visão : Parolin é visto com cautela por conservadores. Embora moderado, sua lealdade a Francisco e apoio a reformas como a Amoris Laetitia (flexibilização para divorciados recasados) e o diálogo inter-religioso levantam suspeitas entre tradicionalistas. Sua habilidade diplomática é respeitada, mas muitos conservadores temem que ele perpetue a agenda progressista de Francisco, especialmente na gestão da Cúria e em questões como a abertura a minorias.
- Chances: Altas. Parolin é um favorito devido à sua experiência, centralidade na Cúria e capacidade de unir facções. Sua postura de meio-termo pode atrair moderados e progressistas, mas ele precisa conquistar alguns conservadores.

- Matteo Zuppi (Itália, 69 anos)
- Cargo: Arcebispo de Bolonha, presidente da Conferência Episcopal Italiana.
- Biografia: Nascido em Roma em 1955, ordenado sacerdote em 1981. Ligado à Comunidade de Sant’Egidio, conhecida por mediação de conflitos (e.g., paz em Moçambique, 1992). Nomeado cardeal por Francisco em 2019, é conhecido por sua pastoral próxima aos pobres e mediação na guerra da Ucrânia.
- Visão : Zuppi é alvo de críticas conservadoras por sua abordagem pastoral considerada excessivamente progressista. Seu apoio à inclusão de pessoas LGBTQ+ e à sinodalidade (descentralização da Igreja) é visto como uma continuação do legado de Francisco, o que desagrada tradicionalistas. Sua associação com Sant’Egidio, percebida como liberal, reforça a desconfiança. Conservadores preferem candidatos mais rígidos em questões doutrinárias.
- Chances: Altas. Zuppi é um forte candidato por sua popularidade, experiência pastoral e habilidade diplomática. Ele apela a progressistas e moderados, mas pode enfrentar resistência de conservadores.

- Luis Antonio Tagle (Filipinas, 67 anos)
- Cargo: Prefeito do Dicastério para a Evangelização.
- Biografia: Nascido em Manila em 1957, ordenado sacerdote em 1982. Arcebispo de Manila (2011–2019), é teólogo e carismático, com forte apelo entre jovens e pobres. Nomeado cardeal por Bento XVI em 2012, foi elevado a cargos curiais por Francisco.
- Visão : Tagle é ambíguo para conservadores. Sua nomeação por Bento XVI e formação teológica sólida agradam, mas sua proximidade com Francisco e ênfase em questões sociais (pobreza, migração) o alinham aos progressistas. Sua postura pastoral, às vezes emocional, é vista como menos rigorosa em questões doutrinárias, como moral sexual. Alguns conservadores o veem como um candidato viável se buscar equilíbrio, mas outros preferem europeus mais tradicionais.
- Chances: Moderadas a Altas. Tagle é cotado por sua universalidade e apelo global, especialmente na Ásia. Sua juventude e carisma são ativos, mas sua associação com Francisco pode limitar apoio conservador.

- Péter Erdő (Hungria, 72 anos)
- Cargo: Arcebispo de Esztergom-Budapeste.
- Biografia: Nascido em Budapeste em 1952, ordenado sacerdote em 1975. Doutor em teologia e direito canônico, é um acadêmico respeitado. Arcebispo desde 2002, foi nomeado cardeal por João Paulo II em 2003. Líder na Europa Central, defende a unidade com igrejas ortodoxas.
- Visão: Erdő é um dos favoritos dos conservadores. Sua defesa da doutrina tradicional, oposição à comunhão para divorciados recasados e críticas à imigração descontrolada e ao tráfico humano, alinham-se aos tradicionalistas. Sua proximidade com o governo de Viktor Orbán, porém, é controversa, vista por alguns como politização. Conservadores o veem como uma ponte para restaurar a ortodoxia sem rupturas drásticas.
- Chances: Moderadas a Altas. Erdő tem apoio conservador, mas seu eurocentrismo e associação política podem alienar eleitores de periferias e moderados. Sua experiência e idade são pontos fortes.

- Fridolin Ambongo Besungu (República Democrática do Congo, 65 anos)
- Cargo: Arcebispo de Kinshasa.
- Biografia: Nascido em Boto em 1960, ordenado sacerdote em 1988. Arcebispo desde 2018, foi nomeado cardeal por Francisco em 2019. Líder vocal na África, opôs-se à Fiducia Supplicans (bênçãos a casais homossexuais).
- Visão: Ambongo é altamente respeitado por conservadores devido à sua oposição às reformas progressistas de Francisco, especialmente em questões de moral sexual. Sua liderança na África, onde a Igreja cresce, é vista como um contrapeso ao liberalismo ocidental. Contudo, alguns tradicionalistas europeus hesitam em apoiar um africano, temendo uma mudança cultural drástica.
- Chances: Moderadas. Ambongo é um nome forte para um papa africano, mas sua oposição aberta a Francisco pode polarizar eleitores progressistas. Sua juventude é um ativo.

- Robert Sarah (Guiné, 79 anos)
- Cargo: Prefeito Emérito do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
- Biografia: Nascido em Ourous em 1945, ordenado sacerdote em 1969. Arcebispo de Conacri (1979–2001), serviu na Cúria sob João Paulo II e Bento XVI. Nomeado cardeal por Bento XVI em 2010, é um defensor da liturgia tradicional.
- Visão: Sarah é um ícone para conservadores, com críticas contundentes às reformas de Francisco, especialmente sobre liturgia (apoia a missa em latim) e moral (oposição à agenda LGBTQ+). Sua visão teocêntrica e ênfase na ortodoxia atraem tradicionalistas, mas sua idade avançada e postura polarizadora são obstáculos. Conservadores o veem como um restaurador da fé, mas improvável de vencer.
- Chances: Baixas. Sua idade e perfil divisivo limitam suas chances, apesar do apoio conservador.

- Sérgio da Rocha (Brasil, 65 anos)
- Cargo: Arcebispo de Salvador, Primaz do Brasil.
- Biografia: Nascido em Dobrada, São Paulo, em 1959, ordenado sacerdote em 1984. Doutor em teologia moral, foi arcebispo de Teresina e Brasília antes de Salvador (2020). Nomeado cardeal por Francisco em 2016, é membro do Conselho de Cardeais (C9).
- Visão : Da Rocha é visto com desconfiança por conservadores devido ao seu alinhamento com Francisco. Seu apoio à inclusão de casais homossexuais e à sinodalidade é percebido como progressista. Embora respeitado por sua formação teológica, tradicionalistas o consideram um continuador da agenda liberal de Francisco, sem apelo entre conservadores.
- Chances: Baixas a Moderadas. Representa a América Latina, mas sua falta de projeção global e resistência conservadora limitam suas chances.

- Pierbattista Pizzaballa (Itália, 59 anos)
- Cargo: Patriarca Latino de Jerusalém.
- Biografia: Nascido em Cologno al Serio em 1965, ordenado sacerdote em 1990. Franciscano, serve no Oriente Médio desde 1999, sendo patriarca desde 2020. Nomeado cardeal por Francisco em 2023.
- Visão : Pizzaballa é pouco conhecido entre conservadores, mas sua experiência em uma região de conflito e formação franciscana geram respeito. Sua juventude é vista com cautela, pois um pontificado longo poderia consolidar reformas progressistas. Conservadores o consideram neutro, sem fortes objeções, mas preferem candidatos mais doutrinariamente definidos.
- Chances: Baixas a Moderadas. Sua juventude e perspectiva única são ativos, mas a falta de projeção global reduz seu favoritismo.

- Peter Turkson (Gana, 76 anos):
- conciliador, amigo da ONU e do WEF., ex-chefe do Pontifício Conselho Justiça e Paz.
- Biografia: Peter Kodwo Appiah Turkson, nascido em 11 de outubro de 1948, em Wassaw Nsuta, Gana, foi ordenado sacerdote em 1975. Doutor em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico, foi nomeado arcebispo de Cape Coast em 1992 e cardeal por João Paulo II em 2003. Serviu como presidente do Pontifício Conselho para a Justiça e a Paz (2009–2016) e prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral (2016–2021). Atualmente, é chanceler da Pontifícia Academia de Ciências. Conhecido por sua defesa da justiça social, meio ambiente e diálogo inter-religioso, Turkson é um moderado com forte presença em questões globais. Aos 76 anos, suas chances de ser papa são baixas.
- Peter Turkson é um “aliado” do World Economic Forum (WEF) e de Davos, sua participação recorrente no fórum (2014, 2018, 2020, 2021, 2024, 2025) como representante do Vaticano indica uma relação de diálogo forte. Ele entregou mensagens do Papa Francisco em Davos, enfatizando a dignidade humana, justiça social e sustentabilidade, temas centrais do WEF. Por exemplo:
- Em 2020, Turkson participou de uma mesa-redonda do Vaticano em Davos, discutindo como fé e finanças podem abordar a “crise da terra e dos pobres”.
- Em 2021, destacou que “a dignidade da pessoa humana não pode ser comprometida” em esforços contra a pandemia.
- Em 2024, defendeu que empresas alinhem lucros com o bem comum, ecoando o Papa Francisco.
- Conservadores, porém, criticam sua participação, vendo Davos como um símbolo de globalismo secular, o que gera desconfiança entre tradicionalistas.
- Turkson é amplamente alinhado com a visão pastoral e reformista do Papa Francisco, embora com nuances:
- Pontos de Alinhamento:
- Justiça Social e Meio Ambiente: Turkson foi um dos arquitetos da encíclica Laudato Si’ (2015), que reflete a visão de Francisco sobre “ecologia integral”, conectando cuidado ambiental e justiça para os pobres.
- Desenvolvimento Humano: Como chefe do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, promoveu acesso a vacinas, ecoando o foco de Francisco nos vulneráveis.
- Diálogo Global: Sua participação em Davos e defesa de uma economia ética alinham-se à visão de Francisco de uma Igreja engajada com o mundo.
- Visão :
- Turkson mantém posições tradicionais em questões como contracepção (opôs-se ao uso de preservativos contra HIV/AIDS) e direitos LGBTQ+ (questionou se são direitos humanos básicos), o que o torna menos progressista que outros aliados de Francisco.
- Sua proposta de um Banco Central Mundial e um ONU expandido para regular mercados financeiros (2013) gerou críticas de conservadores como progressista demais, reflete sua visão de solidariedade global, próxima à de Francisco.
- Tradicionalistas veem Turkson com reservas. Embora respeitem sua teologia e compromisso com a doutrina, sua ênfase em questões sociais e diálogo com o WEF é percebida como uma continuação da agenda “globalista” de Francisco, especialmente em temas como mudanças climáticas.
- Turkson é um aliado formal do WEF, e sua participação em Davos como emissário do Vaticano mostra engajamento com a elite global, alinhado à estratégia de Francisco. Ele compartilha a visão pastoral de Francisco, com forte ênfase em ecologia integral e justiça social, mas mantém posturas conservadoras em questões morais, o que o torna um moderado. Sua idade reduz suas chances no conclave, mas seu perfil global o mantém relevante.
Outros Nomes Relevantes
- Christoph Schönborn (Áustria, 80 anos): Teólogo brilhante, próximo de Bento XVI, mas apoia reformas de Francisco. Inelegível por idade.
- Jean-Marc Aveline (França, 66 anos): Arcebispo de Marselha, moderado, com foco em diálogo inter-religioso. Chances baixas.
Resumo das Chances
- Favoritos: Parolin e Zuppi lideram por sua experiência e apelo amplo. Tagle é forte para um papa asiático.
- Outsiders Fortes: Erdő e Ambongo, se conservadores ganharem força.
- Improváveis: Sarah (idade), Da Rocha (falta de projeção), Pizzaballa (pouco conhecido).
- Surpresa: A eleição de Bergoglio (2013) mostra que um papabile menos cotado pode emergir.
Quantos São Conservadores e Quantos São Aliados da Mentalidade de Francisco?
Total de Eleitores
Dos 135 cardeais eleitores, a composição ideológica é influenciada pelas nomeações de Francisco, que priorizou diversidade geográfica e pastoral.
Conservadores
- Estimativa: 20–30% dos eleitores, ou seja, 25 a 40 cardeais, são considerados conservadores.
- Perfil: Defendem a doutrina tradicional em questões como liturgia (missa em latim), moral sexual (oposição a bênçãos para casais homossexuais) e autoridade centralizada. Representantes incluem Erdő, Ambongo, Sarah e Willem Eijk (Holanda).
- Influência: Apesar de minoritários, conservadores podem influenciar se unificados, especialmente em um conclave prolongado.
Aliados da Mentalidade de Francisco
- Estimativa: Cerca de 70–80% dos eleitores, ou 98 cardeais, alinham-se à visão pastoral, inclusiva e reformista de Francisco.
- Perfil: Apoiam a sinodalidade, diálogo com minorias (e.g., LGBTQ+), ênfase em periferias e reformas curiais. Incluem a maioria dos nomeados por Francisco, como Zuppi, Tagle, Da Rocha e Aveline.
- Nuance: Nem todos são progressistas radicais; muitos são moderados ou pragmáticos, focados em continuidade sem rupturas.
Divisões
- A dicotomia conservador-progressista é simplista. Muitos cardeais combinam visões (e.g., pastoral progressista, mas doutrinariamente cautelosa).
- Fatores regionais influenciam: cardeais africanos (conservadores em moral) e latino-americanos (foco social) têm prioridades distintas.
Total Nomeado por Francisco
Dos 135 eleitores, 108 (80%) foram nomeados por Francisco em 10 consistórios (2013–2024). Ele diversificou o Colégio Cardinalício, nomeando cardeais de países como Ruanda, Tonga, Mianmar e Sudão do Sul, enfatizando periferias e regiões onde a Igreja cresce.
- Estimativa: 70–90% dos 108 nomeados, ou seja, 98 cardeais, seguem a linha pastoral e reformista de Francisco.
- Características:
- Apoio à sinodalidade (governo colegiado).
- Foco em questões sociais (pobreza, migração, meio ambiente).
- Abertura a minorias (e.g., diálogo com casais homossexuais, per Fiducia Supplicans).
- Reforma da Cúria e descentralização.
- Exceções: Alguns nomeados, como Ambongo, divergem em questões específicas (e.g., moral sexual), mas ainda respeitam a liderança de Francisco.
Impacto
A predominância de nomeados por Francisco sugere uma inclinação para eleger um candidato alinhado à sua visão, mas divisões internas (e.g., conservadores africanos vs. progressistas europeus) podem complicar a votação.
Detalhes Adicionais do Processo
Funcionamento do Conclave
- Local: Capela Sistina, Vaticano, com alojamento na Casa Santa Marta.
- Votação:
- Cada cardeal escreve o nome de seu candidato em uma cédula com a frase Eligo in Summum Pontificem. A caligrafia deve ser disfarçada para garantir sigilo.
- Três escrutinadores contam os votos; revisores e infirmarii (para cardeais doentes) auxiliam.
- Fumaça preta indica votação inconclusiva; fumaça branca, a eleição do papa.
- Juramento: Os cardeais fazem um juramento de segredo absoluto, sob pena de excomunhão.
- Eleição: O eleito precisa de dois terços dos votos (80, se 120 votarem). Após a eleição, o camerlengo pergunta: “Accepto?” e “Quo nomine vis vocari?” (Qual nome deseja?).
Contexto Histórico
- O conclave de 2025 será o terceiro do século XXI, após 2005 e 2013.
- A eleição de Francisco (2013) foi uma surpresa, mostrando que papabili menos cotados podem vencer.
- A diversidade geográfica (39% da Europa, contra 52% em 2013) aumenta a chance de um papa não europeu.
Desafios
- Polarização: Conservadores buscam restaurar a ortodoxia; progressistas, consolidar as reformas de Francisco.
- Geopolítica: Um papa africano ou asiático pode refletir o crescimento da Igreja no Sul Global, mas a Europa ainda domina o Colégio Cardinalício.
- Idade: A escolha entre um papa jovem (longo pontificado) ou mais velho (transição) será crucial.
O conclave de 2025, previsto para 6 a 11 de maio e com duração estimada de 2 a 5 dias, reunirá cerca de 120 cardeais eleitores, dos quais 100 são arcebispos. Pietro Parolin e Matteo Zuppi são os favoritos, com chances altas devido à sua experiência e alinhamento com Francisco, enquanto Péter Erdő e Fridolin Ambongo têm apoio conservador. Luis Antonio Tagle é um forte candidato asiático, e Sérgio da Rocha representa a América Latina, mas com chances menores. Cerca de 40 cardeais são conservadores, dos quais 108 foram nomeados por ele, 97 seguindo sua linha reformista.
A eleição será um equilíbrio entre continuidade e mudança, influenciada pela diversidade do Colégio Cardinalício e pelas tensões ideológicas. A história recente mostra que surpresas são possíveis.