Por Marcos L Susskind
Ao Sr. Jorge Mario Bergoglio, conhecido como Papa Francisco, S.J.
Fui um entusiasta de sua nomeação como Papa. Embora não sendo Cristão, vi em sua eleição uma sucessão de bons fluídos: o primeiro Papa Sul Americano, conhecido por sua boas relações com diversas comunidades na Argentina (em especial os almoços com amigos Judeus na Clínica Henry Moore), sua vivência com imigrantes etc. Minha admiração cresceu com sua firme atuação contra a corrupção no Vaticano, especialmente na Cúria e a dedicação à erradicação da pedofilia entre padres e outros religiosos.
Exatamente por minha admiração por si, me sinto no direito e na obrigação de chamar sua atenção para seu pronunciamento condenando a reação Israelense aos contínuos ataques por parte dos terroristas do Hezbollah.
Em 07/10/2023 Israel foi vítima do maior massacre de judeus desde o Holocausto, numa violência que superou aquela dos nazistas. Crianças foram decapitadas, assadas em forno. Mulheres estupradas, famílias fuziladas, casais queimados vivos, crianças, jovens, adultos e idosos sequestrados e mantidos em fétidos calabouços. Israel tinha a necessidade e o dever moral de reagir e o fez, frente a Gaza. O Líbano não foi em qualquer momento sequer lembrado.
E no entanto, no dia seguinte, sem qualquer provocação ou ato hostil, os terroristas do Hezbollah começaram a bombardear Israel. Eles seguiram nesta terrível ofensiva por 11 meses e 11 dias lançando mais de 9600 foguetes e ainda morteiros e mísseis anti-tanques sobre a população civil. Cerca de 80.000 habitantes da Galiléia (terra de Jesus) se transformaram em refugiados dentro de sua pátria, vivendo em hotéis e casas de pessoas de boa vontade, longe de seus negócios, suas escolas, seus amigos e suas casas.
Durante estes longos 347 dias, Papa Francisco, o Vaticano não se pronunciou! O silêncio das autoridades Católicas doía nos ouvidos.
Depois de tantas perdas materiais e humanas, tantas casas e indústrias destruídas, tantas florestas queimadas, tantos animais mortos nos incêndios florestais, tantas colheitas perdidas, Israel reagiu.
A reação Israelense visou exclusivamente o grupo terrorista Hezbollah. Nenhuma instalação governamental ou civil libanesa foi atacada: aeroportos, estações de tratamento de água, centrais elétricas, refinarias etc foram TODAS preservadas.
No entanto, os terroristas usavam (e ainda usam) civis como escudos. Foguetes e morteiros bem como munição eram estocados em quartos e salas alugados junto à parcela mais pobre da população – que viu nos valores recebidos uma benção, que se transformou em maldição.
Bunkers foram construídos nos subsolos de edifícios civis sem que os moradores se rebelassem – a maioria deles doutrinados pela “boa causa de destruir a entidade sionista”.
A esmagadora maioria dos civis abandonaram as áreas dominadas pelos terroristas (cerca de 500.000). Os que ficaram sabiam dos riscos e – infelizmente – alguns deles foram atingidos nos ataques direcionados contra terroristas.
Sabedor de tudo o que está acima, o Papa optou por condenar Israel. Durante 11 meses e 11 dias o Papa poderia ter usado de sua influência para brecar os ataques indiscriminados dos terroristas contra civis em Israel. Por motivos que desconheço, calou-se. E eis que quando Israel finalmente reage, o Papa os condena.
Papa Francisco, Sr. Bergoglio: vejo está sua manifestação como fora de hora e fora de propósito. E como seu admirador, sinto-me no direito de manifestar minha indignação.
7 Comentários
Excelente comentário Sr. Marcos.
Obrigada por dar voz aos israelenses.
Muito bom artigo, coloca um holofote apontando o inacreditável comportamentos do Papa.
Perfeito Marcos, espero que sua mensagem cause o efeito desejado e que haja alguma mudança na posição “silenciosa” do Vaticano enquanto Israel é atacada diariamente por fanáticos extremistas
Perfeito.
Concordo 100%.
Muito bom e self esplantorio
Acompanho seus brilhantes artigos sempre que amigos me enviam. Agradeço recebê-los diretamente. Seus comentários e posicionamento frente aos fatos são sempre lúcidos, verdadeiros e respeitosos com todos. Parabéns.