No cenário político brasileiro, as eleições de 2024 têm mostrado um movimento significativo em direção aos partidos de direita, que têm registrado um aumento no número de candidatos em comparação com as eleições anteriores. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam para uma retração nas candidaturas de partidos de esquerda, enquanto as legendas de direita experimentam crescimento.
Partidos tradicionais da esquerda, como o PT, enfrentaram uma diminuição no número de candidatos. Em uma comparação com as eleições municipais de 2020, o PT apresentou uma queda de 7% nas candidaturas. Outros partidos da esquerda, como Psol, PDT, PCB e PCdoB, registraram declínios ainda mais expressivos. O Cidadania, por exemplo, viu uma redução de 72%, com o número de candidatos caindo de 17,5 mil em 2020 para menos de 5 mil neste ano. As exceções à tendência de queda foram o PCO e o Avante, que conseguiram aumentar suas candidaturas em 20,28% e 7%, respectivamente.
Em contrapartida, o PL, partido de Jair Bolsonaro, aumentou sua base de candidatos em quase 25% desde 2020, agora somando mais de 35,5 mil nomes. Outros partidos de direita, como Republicanos, Podemos e Democracia Cristã, também apresentaram crescimento significativo. O partido Novo registrou um aumento impressionante, multiplicando por 11 o número de seus candidatos em relação à eleição anterior. Mesmo partidos recentes como União Brasil e PRD, formados por fusões de outras legendas, marcaram presença expressiva, apesar de em números menores que a soma de seus predecessores.
Especialistas veem essa guinada à direita como um reflexo de um descontentamento global com sistemas de esquerda, com elementos como a “bolsonarização” do discurso político atuando como catalisadores dessa mudança. A figura de Jair Bolsonaro emerge como um porta-voz de valores conservadores, enquanto o governo de Lula enfrenta críticas por não atender plenamente às expectativas populares em áreas essenciais como saúde e educação.
Luiz Philippe de Orleans e Bragança, deputado pelo PL de São Paulo, interpreta o crescimento das candidaturas de direita como um sinal de mudança na opinião pública. Ele destaca que a sociedade brasileira está mais crítica em relação à narrativa da esquerda, afetada por temas como corrupção e ideais socialistas.
Por fim, Filipe Barros, deputado pelo PL-PR, observa que o aumento das candidaturas direitistas é também uma resposta à crescente demanda dos eleitores por representantes que defendam valores conservadores e o uso eficiente dos recursos públicos. Ele avalia que a esquerda enfrenta dificuldades para apresentar propostas inovadoras e atrair candidatos diante do crescente escrutínio dos eleitores.Caminhando para as eleições de 2024, o Brasil parece estar em um ponto de inflexão, onde o predomínio das ideologias de direita emerge como força transformadora no espectro político, enquanto a esquerda busca redefinir seu espaço e discurso diante de um cenário cada vez mais desafiador.