A organização não governamental Foro Penal, dedicada à defesa dos direitos humanos na Venezuela, denunciou na quarta-feira, 18, que o governo de Nicolás Maduro mantém 1.834 presos políticos. Desse total, 1.692 pessoas foram detidas após as eleições realizadas em 29 de julho de 2024, que a oposição e diversas entidades classificaram como fraudulentas.
Esse número impressionante supera consideravelmente o de presos políticos em Cuba. Sob o regime de Miguel Díaz-Canel Bermúdez, o país registra 1.105 detidos por motivos políticos desde agosto, conforme dados da ONG Prisoners Defenders.”Registramos o maior número de presos políticos na Venezuela conhecido neste século”, declarou a ONG Foro Penal ao divulgar suas estatísticas atualizadas.
Os dados revelam que entre os presos políticos na Venezuela estão 1.608 homens e 226 mulheres, sendo que 1.677 são civis e 157 são militares. Desde 2014, mais de 17 mil pessoas foram presas por razões políticas no país.
Um relatório da Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos da ONU, publicado na terça-feira, 17, destacou que 158 menores de idade foram detidos após protestos, sob acusações graves que incluem terrorismo.”Alguns dos detidos eram menores com deficiência, mantidos em prisões comuns, uma condição que aumentava sua vulnerabilidade”, afirmou o documento. A ONU ainda destacou relatos de assédio sexual contra meninas detidas junto a homens adultos.
A situação cubana também apresenta dados preocupantes. O regime de Díaz-Canel adicionou dois novos presos políticos em agosto, segundo a Prisoners Defenders. Apesar de alguns registros terem sido cancelados devido a suicídios, expatriações forçadas e cumprimento de pena, 1.105 opositores permanecem detidos.”As condições para os presos são terríveis: eles enfrentam fome, doenças, falta de atendimento médico e tortura,” relatou a ONG.
Assim como na Venezuela, os detidos cubanos que sofrem de problemas psiquiátricos não têm acesso aos cuidados médicos necessários, tornando-os ainda mais vulneráveis aos abusos. A Prisoners Defenders sublinha que 62 dos presos políticos em Cuba apresentam transtornos mentais clínicos. A ausência de tratamento adequado leva à deterioração de suas condições psicológicas, resultando em episódios de ansiedade extrema e, em alguns casos, suicídio.
O cenário pintado por ambas as ONGs expõe um quadro alarmante de repressão a dissidências políticas na América Latina, chamando a atenção da comunidade internacional para as violações de direitos humanos nos dois países.