Pela primeira vez desde a eleição de 1976, os eleitores americanos se deparam com uma corrida presidencial sem a presença de nomes como Bush, Clinton ou Biden. A recente desistência de Joe Biden da disputa eleitoral marca o fim de uma era dominada por essas figuras políticas que moldaram a trajetória dos Estados Unidos ao longo da segunda metade do século 20 e início do século 21.
Desde 1976, eleitores com menos de 65 anos de idade nunca tiveram a oportunidade de votar para presidente sem que um membro dessas famílias estivesse na disputa. A influência dessas dinastias começou com George H.W. Bush, vice-presidente de Ronald Reagan entre 1981 e 1989. Bush ascendeu à presidência em 1989, derrotando Walter Mondale, e governou até o início da década de 90, destacando-se pela liderança na Guerra do Golfo.
A segunda família dessa dinastia política surge do Arkansas, com Bill Clinton. O candidato democrata impediu a reeleição de H.W. Bush em 1992 e ocupou a Casa Branca por dois mandatos até 2000. Clinton quase viu seu vice-presidente Al Gore assumir o cargo em uma apertada eleição em 2000, decidida na Suprema Corte, que resultou na vitória de George W. Bush, segundo representante da família Bush.
Joe Biden, por sua vez, tem uma longa trajetória solo na vida pública, representando sozinho mais de meio século de serviço. Quando Barack Obama foi eleito em 2008, Biden já era senador há 36 anos, sendo um pilar do establishment do Partido Democrata. Como vice-presidente, ajudou a conduzir a administração Obama até 2016, quando Donald Trump derrotou Hillary Clinton, esposa de Bill Clinton, na corrida pela Casa Branca.
O retorno de Biden à política em 2020 marcou a 11ª eleição consecutiva em que os americanos tiveram que escolher entre figuras intimamente ligadas ao establishment político de seus partidos. Este ano, ele deveria enfrentar novamente Donald Trump em combate pelo voto popular, pouco antes de completar 82 anos. Entretanto, com Biden fora da disputa, e com George H.W. Bush falecido em 2018, George W. Bush, seu irmão Jeb, e Hillary e Bill Clinton afastados da política, a eleição de 2024 promete ser um marco de renovação na política americana.
Com o fim dessa sequência de gerações dominantes, a nação se prepara para escrever um novo capítulo em sua história política, testemunhando o surgimento de novas lideranças e perspectivas para o futuro dos Estados Unidos.