Kitty Tavares de Melo
No cenário contemporâneo dos Estados Unidos, o United States Postal Service (USPS) emergiu como um microcosmo dos desafios enfrentados pela administração do Presidente Joe Biden. A recente audiência no Congresso, realizada em 11 de dezembro de 2024, destacou a crise financeira do USPS, colocando em evidência uma narrativa de má gestão e políticas controversas que têm reverberado pelo país. Este artigo explora as implicações desta crise, tecendo uma análise crítica sobre como a administração Biden pode estar contribuindo para a falência de instituições centenárias como o USPS.
A Audiência no Congresso
Na audiência de 11 de dezembro de 2024, o Postmaster General, Louis DeJoy, enfrentou uma série de perguntas incisivas sobre a gestão financeira do USPS. Os parlamentares questionaram:
Qual é a estratégia para lidar com o déficit crescente do USPS?
DeJoy falou um plano de modernização que inclui a adoção de veículos elétricos e a otimização dos serviços, mas admitiu que os custos iniciais são elevados e que a recuperação financeira não será imediata.
Como a administração Biden tem apoiado ou dificultado a reforma do USPS?
DeJoy reconheceu o apoio do governo com o financiamento para a eletrificação da frota, mas também apontou para a falta de ação sobre a reforma estrutural prometida pela Lei de Reforma Postal de 2022, que, segundo ele, foi insuficiente para resolver problemas fundamentais.
O que pode ser feito para evitar a bancarrota do USPS?
A solvência do Serviço Postal dos EUA (USPS) depende de reformas estruturais urgentes, incluindo a revisão das exigências de prefinanciamento de benefícios de saúde e aposentadoria, além de ajustes nas tarifas postais para cobrir melhor os custos operacionais. Durante uma acalorada audiência no Congresso, o Diretor-Geral dos Correios foi criticado pelo representante republicano Rich McCormick, da Geórgia, que atribuiu a ele a responsabilidade pela iminente falência da instituição, destacando falhas na gestão e desempenho insatisfatório dos serviços postais no estado.
Crítica a Gestão Biden
A administração Biden herdou um serviço postal já em dificuldades, mas a crítica se intensifica ao considerar as ações tomadas ou a falta delas. O foco em projetos de sustentabilidade, como a eletrificação da frota do USPS, é louvável, mas questionável em termos de prioridade e timing. Enquanto isso, a crise financeira do USPS persiste, com um déficit anual que ultrapassa bilhões de dólares, evidenciando uma possível falta de visão estratégica ou uma abordagem excessivamente ideológica sobre práticas ambientais em detrimento da estabilidade financeira imediata.
Impacto Social
A situação do USPS reflete uma tensão filosófica entre os valores de progresso social e responsabilidade fiscal. A sustentabilidade ambiental é uma prioridade do governo Biden, mas a aplicação desses valores sem uma abordagem equilibrada pode levar à erosão das instituições públicas essenciais. O USPS não é apenas um serviço de entrega; é um tecido social que conecta comunidades, especialmente em áreas rurais onde serviços privados não são viáveis. Sua possível falência levanta questões sobre a equidade do acesso a serviços básicos e a responsabilidade do governo em manter infraestruturas críticas.
Dívida Externa e Gastos Públicos
Além do USPS, outras agências como o Departamento de Defesa, a FEMA e o Departamento de Segurança Interna (DHS) também enfrentam acusações de gastos excessivos e má gestão. A dívida externa dos Estados Unidos atingiu níveis sem precedentes, ultrapassando US$ 33 trilhões, refletindo uma combinação de políticas expansionistas e descontrole fiscal. A crítica de senadores que combatem a corrupção aponta para uma falha sistêmica no controle dos gastos públicos e uma falta de responsabilidade administrativa nas últimas administrações.
A crise do USPS sob a administração Biden não é apenas uma questão de números, mas de prioridades políticas. A necessidade de reformar o serviço postal é clara, mas a abordagem atual é vista como um exemplo de como políticas bem-intencionadas, quando mal aplicadas ou mal equilibradas, podem desestabilizar estruturas fundamentais da sociedade. O debate deve continuar não apenas no Congresso, mas em todas as esferas da sociedade, buscando um caminho que preserve a essência do serviço público enquanto se adapta aos desafios modernos.